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Entrevista com o Capitão William

É claro que não podíamos deixar de conversar com o eterno capitão William Carvalho, que hoje é técnico do time feminino de São Bernardo do Campo, no qual está na disputa da Superliga B. Durante nossa conversa com o levantador da Geração de Prata, ele nos contou em primeira mão grandes marcos da história do voleibol brasileiro durante sua carreira como atleta da seleção brasileira.

Além de contar em detalhes sobre o histórico jogo no Maracanã em 1983 e sobre o saque “viagem”, William também expõe sua opinião sobre a seleção brasileira de voleibol, as pressões enfrentadas no dia-a-dia e muito mais. Confira abaixo um trecho de sua entrevista exclusiva para a equipe do documentário “A Era do Peixinho”.

Foto de: Camila Portela

  • Agora, conta pra gente... E o jogo histórico Brasil X URSS?

Isso foi, talvez, uma das coisas mais importantes que já aconteceram. Quando o Luciano do Valle, que na minha opinião, sempre esteve à frente do nosso tempo, transmitiu os primeiros jogos de vôlei em 82 com a Record e a gente arrebentava com audiência. Hoje em dia, a gente tem tv a cabo, mas naquela época não. A gente jogava pra cerca de 20 mil pessoas e ficavam 3 ou 4 mil pessoas pra fora (da quadra). O voleibol por onde passava era uma loucura! A gente não conseguia ir pro ônibus, aquela doideira e tudo mais. E aí, começou aqueles papos de “o vôlei vai passar o futebol”. Isso é impossível. O futebol é religião aqui no Brasil. Falavam também que o voleibol é a garra do povo e ai os jogadores de futebol não gostavam e sempre falavam “ah, mas o público deles é de 20 mil pessoas.” Ai o Luciano do Valle deu a ideia e o Nuzman fez o jogo no Maracanã. Tinha mais de 93 mil pessoas com chuva! Não se joga voleibol com chuva em quadra aberta! Na minha opinião, a gente ia bater o recorde no Maracanã. A gente olhava e não tinha mais espaço, não cabia mais ninguém. Fora as pessoas que tinham dentro do campo, porque a quadra foi montada no meio do campo. E lá tinham cadeiras, muitas cadeiras!

  • Você acredita que o psicológico afeta de alguma forma os jogadores em quadra em momentos decisivos? Podemos até citar aqui a seleção feminina que durante um período teve que enfrentar jornalistas que criavam manchetes e mais manchetes declarando que o time havia amarelado.

Eu achei isso a maior sacanagem do mundo. Mas acho que depende dos jogadores. Se for a molecada, afeta. Por isso que um time tem que ser mesclado, porque nesses casos, as jogadoras mais experientes seguram a barra. Mas isso é maldade! Porque é aquele negócio... O vôlei se tornou o esporte popular e todo mundo acha que conhece, mas as vezes, com todo respeito, colegas de vocês da comunicação prejudicam. Tem atletas e atletas, políticos e políticos, jornalistas e jornalistas. E daí, existem pessoas que são tendenciosas a denegrir. Mas depois disso (os atletas) foram lá e ganharam vários prêmios. O Zé Roberto depois ganhou dois títulos olímpicos, e aí? Ninguém fala nada. E hoje em dia, se você não ganha, é criticado. É complicado. Jogo é jogo.

  • E como foi a criação do saque viagem?

Putz, eu tava brincando de dar esse saque no treino e ai os treinadores viram e falaram “Pô, a gente podia usar isso”. Porque é o que eu disse, o brasileiro é impressionante, versátil, criativo.

  • E o peso da Camisa brasileira em campo, influencia no momento de jogos importantes?

Eu acho que até chega (a pesar), mas temos dois treinadores que são fantásticos! Bernardinho e Zé Roberto, um já foi técnico da equipe feminina e hoje é da masculina, o outro já foi do masculino e agora é do feminino. Eles são os dois melhores treinadores do mundo, na minha opinião. E a equipe que foi montada junto deles é fantástica! Mas é o que eu sempre digo, hoje existe uma estrutura dentro da seleção brasileira que (permite) seguir o caminho trilhado. Lógico que vamos ganhar assim como também vamos perder. Mas vamos estar sempre ali, entre os primeiros.

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