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O Projeto

“Inverno muito frio, muito trabalho e dor. Uma pedra bruta, aos poucos lapidada por mãos calejadas, o suor, a dor, a saudade e, em certos dias, dentro do mais íntimo sentimento, até lágrimas! A primavera rompe o gelo. O calor aos poucos curte a pele e descongela a alma. O primeiro brilho surge aos poucos com habilidade e precisão de um mestre. A pedra se torna um brilhante. Com brilho próprio, quase azul. Doze faces, Doze pontas. Às vezes parece uma, outras, um conjunto de luzes ofuscantes, que como um arco-íris espalha colorido pelo céu. Doze faces, Uma única luz, que com seu brilho corta e quase cega. Olhos fechados, uma única coisa na mente. Doze faces, doze guerreiros, Uma pedra, Um diamante que conquistou o mundo!”

 Um Diamante de Doze Faces - Giovane Gávio

 

            O Voleibol é um esporte em grupo que foi criado em 1895, nos Estados Unidos, pelo professor William G. Morgan. A ideia inicial foi sugerida pelo pastor da Associação Cristã de Moços de Holyoke à William, era a criação de um novo esporte bem movimentado, mas que não exigisse tanto esforço físico como o basquete, esporte que ganhava muita fama naquela época, principalmente nos territórios norte-americanos. Inspirado então pelo tênis e com intuito de diminuir o contato físico que o basquete tinha, o professor criou o esporte que hoje conhecemos como vôlei, palavra derivada de volley, que descreve o “voleio” jogada existente no tênis.

            Cerca de vinte anos depois, o voleibol chegou ao Brasil e, em 1923 o Fluminense promoveu o primeiro torneio deste novo esporte. No decorrer dos anos, o vôlei ganhou espaço na cultura brasileira e liderou a Federação Internacional de Esportes, chegando a 220 países filiados ao vôlei – esporte que possui mais filiados atualmente.

            Contudo, para que números significativos como este fizessem parte da história do vôlei no Brasil e no Mundo, houve muita dedicação, empenho e estrutura, não apenas por parte dos atletas envolvidos, mas também pela Confederação Brasileira de Vôlei, no caso da sociedade brasileira. A Confederação Brasileira de Vôlei (CBV) foi fundada no dia 16 de Agosto de 1954, e desde então, tem oferecido suporte de alta qualidade para os jogadores e técnicos, transformando-os em máquinas de medalhas.

            Mesmo no Brasil, o país que possui uma das mais respeitadas e renomadas Confederações do mundo, ainda existe uma grande diferença entre Vôlei no Brasil e Vôlei do Brasil. O vôlei no Brasil são os pequenos clubes espalhados pelo país inteiro e que sofrem com a falta de estrutura moderna e especializada para um melhor desenvolvimento no esporte. Já o vôlei do Brasil é a seleção brasileira, que possui uma excelente gestão e infraestrutura para garantir a mais alta produtividade dos atletas. 

            Quando falamos em vôlei do Brasil, sabemos da existência de uma ótima estrutura dando suporte aos atletas e técnicos, esse suporte é conhecido como Confederação. Segundo informações oficiais da CBV, a Confederação foi fundada sob a presidência de Abrahão Antônio Jaber, e hoje tem como principais objetivos consolidar o vôlei de praia, aumentar o valor da marca voleibol no Brasil, permanecer no pódio em todas as competições internacionais, desenvolver e formar bons profissionais e gestores esportivos do vôlei, aumentar o número de praticantes e garantir, de forma transparente, os acessos às informações sobre aplicação de recursos, prestação de contas e resultados. Para que esses objetivos sejam cumpridos, a primeira virada estratégica que marcou a história do vôlei aconteceu durante a gestão do presidente Carlos Arthur Nuzman, que conseguiu unir o marketing com a estrutura de gestão da organização, a fim de popularizar o esporte dentro do país.

            Muito mais do que um presidente, Carlos A. Nuzman foi um visionário. Durante toda sua gestão, buscou expandir o esporte e garantir aos envolvidos alta qualidade e produtividade. Para isso, uma de suas estratégias foi criar o Campeonato Brasileiro de Seleções (CBS). Este campeonato visava expandir a busca e visibilidade dos jogadores ao redor do Brasil, e não mais apenas no Rio de Janeiro e São Paulo. A partir desses campeonatos, olheiros começaram a garimpar jogadores de vôlei que se encontravam fora da curva, ou seja, jogadores que tinham a capacidade de serem melhores do que o normal se treinados corretamente e com total estrutura e incentivo.

          Segundo Hairton Cabral, professor e técnico de vôlei, estes campeonatos têm como maior finalidade democratizar o vôlei e oferecer a oportunidade de novos talentos surgirem dentro do esporte em todas as regiões do Brasil, para que assim, tenhamos uma boa reposição conforme os jogadores forem se aposentando. Estes campeonatos são organizados pela própria CBV e são divididos por faixa etária. Conforme divulgado pela página oficial da CBS – Campeonato Brasileiro de Seleções – as divisões são: Infantojuvenil e Juvenil nos naipes masculino correspondem ao sub-18 e sub-20, enquanto o Infantojuvenil e Juvenil feminino representam as idades sub-17 e sub-19 – as quatro divididas em 1ª e 2ª Divisões, cada. Portanto, formam um total de oito competições: CBS sub-18 da 1ª Divisão; CBS sub-17 da 1ª Divisão; CBS sub-20 da 1ª Divisão; CBS sub-19 da 1ª Divisão; CBS sub-18 da 2ª Divisão; CBS sub-17 da 2ª Divisão; CBS sub-20 da 2ª Divisão; CBS sub-19 da 2ª Divisão.

            E foi a partir destas competições que Nuzman forneceu de forma visionária, uma das estratégias que nos garante bons jogadores de diversas gerações. Percebendo que o segredo para manter o time no topo mais do que uma geração era dar atenção e cuidados para os jogadores de base, oferecendo um bom treinamento e boa estrutura com mentalidade vencedora. No intuito de valorizar os jogadores de base e prepará-los para colher bons frutos na seleção principal, o treinamento e gestão visavam sempre tornar os jogadores de base vencedores, ou seja, deveriam ganhar a maioria dos jogos e campeonatos. Mas é claro que antes disso já tínhamos jogadores e técnicos excepcionais, que nos trouxeram conquistas importantes e ajudaram, com certeza, na popularização e valorização do vôlei no Brasil.

            Nos anos 40 e 50, o vôlei não tinha toda a estrutura e preparação que tem hoje, e isso vinha desde o aquecimento dos jogadores, que era livre. Os treinos eram bem simples e sem muitas estratégias, um grande exemplo dessa simplicidade é que a seleção brasileira descobriu a manchete (tática de vôlei) um dia antes de iniciar a competição mundial de 1956.

Foi na década de 50 que tudo começou a melhorar nos treinos, juntamente com a criação da Escola de Voleibol, que tinha como objetivo dar oportunidade para os técnicos estudarem e elaborarem treinamentos melhores, com embasamento científico e corporal, porém, nada estrategicamente calculado, diferente da década de 70, na qual os técnicos tinham embasamento científico comprovado e aplicaram de forma correta dentro da seleção brasileira e, posteriormente, em clubes menores.

            No decorrer de 1970, Carlos Nuzman assumiu e os títulos e reconhecimento começaram a chegar. Nas Olimpíadas de 1976, por exemplo, o ponteiro Bernard, da seleção brasileira, chegou ao título de 5º melhor jogador do mundo e, consequentemente, o esporte conhecido como voleibol começou a se popularizar e se valorizar a partir desta época, resultando atualmente, segundo a Confederação Brasileira de Vôlei, em 657 competições da seleção brasileira com um total de 792 pódios, 360 medalhas de ouro, 220 medalhas de prata e 200 medalhas de bronze.

            Segundo Nalbert Bitencourt, ex-jogador da seleção brasileira de vôlei, a partir da década de 80, ainda na gestão e presidência de Carlos Arthur Nuzman, o Brasil começou a colher frutos decorrentes da ótima gestão e estrutura que possuíam. Um exemplo desse crescimento e popularização do esporte é que nas décadas de 60 e 70, os jogos eram assistidos por 200 – 300 pessoas. Já na década de 80, a seleção composta por Bernard, Bernardinho, William, Renan, Montanaro, entre outros, que também são conhecidos como a seleção de prata, começou a ter um público com cerca de 25 mil pessoas. E, finalmente, podemos citar o jogo histórico do Brasil contra a União Soviética, no Maracanã, que teve público recorde de quase 100 mil pessoas.

            Junto a isso tudo, houve a popularização na mídia, no qual o poder da comunicação midiática televisiva tomava conta da sociedade e suas respectivas valorizações culturais. O poder da mídia ocasionou maior visibilidade da seleção que crescera e nos trouxe os primeiros frutos. Luciano Do Valle, por exemplo, foi um dos jornalistas esportivos que mais promoveu e garantiu sua importância dentro da história da valorização e popularização do vôlei no Brasil.

            O tempo passava, os jogadores e treinadores mudavam, mas a filosofia de treinamento e planejamento se manteve constante. Porém, um dos maiores problemas que o vôlei enfrenta atualmente, é na categoria de base. A categoria que sempre foi o ponto estratégico para manter a qualidade dos jogadores de vôlei brasileiros sofre com a diminuição de bons resultados. Segundo esportistas da área, isso é um sinal amarelo, no qual futuramente, pode afetar os resultados da seleção principal nas novas gerações, pois como dito anteriormente, as categorias de base devem ser bem preparadas e estruturadas para sempre trazer bons resultados, garantindo excelência no momento em que chegarem à seleção principal, seja ela feminina, masculina ou de praia.

            Outro ponto que também auxilia a seleção brasileira a se manter no pódio, é o Centro de Desenvolvimento de Voleibol criado por Ary Graça, que busca cumprir com os objetivos de integrar o treinamento de todas as seleções brasileiras num mesmo local, facilitar o intercâmbio entre as comissões técnicas e dar condições estruturais modernas, para garantir o desenvolvimento máximo de todos os atletas e projetos. Mais do que um simples treinamento, o Centro de Desenvolvimento de Voleibol, busca trabalhar uma mentalidade brasileira, uma filosofia de jogo e comportamento para todos os jogadores da seleção independente de sua categoria.

            Dentro deste ambiente, jogadores de base têm a oportunidade de trabalhar e conviver com os jogadores “carro chefe” e, então, as experiências tanto profissional quanto psicológica ajudam a alcançar a produtividade máxima do grupo como um todo.

“Quem bate nunca lembra, mas quem apanha sempre lembra.”

Essa frase dita por Hairton Cabral é um bom exemplo da mentalidade que buscam trabalhar com os jogadores, objetivando uma boa saúde mental para enfrentar jogos decisivos.

            Nalbert Bitencourt carrega consigo uma frase que ele mesmo concluiu após anos de seleção brasileira e treinamento intenso e que vai de encontro com a frase de Hairton Cabral: “Na derrota você aprende, mas na vitória, você aprende muito mais.”. Quando a seleção vence, além da medalha, ganha confiança e sabedoria para os próximos jogos, enquanto na derrota, você aprende com os erros e nunca mais esquecerá que “apanhou”.

            Portanto, todo o processo de desenvolvimento do vôlei afeta diretamente nos resultados. Assim como uma criança, o vôlei passou por uma gestação, educação, desenvolvimento, crescimento, amadurecimento, e hoje, se tornou o que todos conhecemos, e muito mais do que isso, a família vôlei, mais do que muitos outros esportes, tem a cultura familiar de geração para geração. Toda a história e desenvolvimento de uma geração é aproveitada de forma positiva na geração seguinte, e assim, uma mentalidade é instituída e mantida viva tanto dentro quanto fora de quadra.

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