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Entrevista com Fabio Rodrigues

Vale lembrar que a história do voleibol só é possível continuar se houver jovens que amam o esporte e se dedicam a ele. Por isso, nossa produtora Bruna Bittencourt, conversou com Fabio Rodrigues, 21 anos, atleta que defendeu o Sesi SP nesta última temporada, que recentemente teve a oportunidade de dar início a sua história dentro do voleibol profissional. Jovem e ambicioso, Fabio é um dos muitos jovens que praticam e se profissionalizam dentro do voleibol brasileiro, para que seja mantido o legado deixado pelos incríveis atletas que pelo vôlei passaram.

Durante o papo, Fabio não poupou detalhes sobre sua vida profissional e fez questão de enfatizar a importância dos estudos e do aprendizado para sua formação. Confira um trecho dessa entrevista!

Foto de: Yara Oliveira

  • Por que você começou a praticar voleibol?

Quando eu era bem pequeno, eu jogava futebol. Até cheguei a jogar em alguns

times bons, como no Corinthians. Só que meu pai jogava vôlei, em faculdade,

sabe? Ele jogava bem! Era um bom jogador e queria que eu jogasse vôlei. Porque

assim, no futebol, por exemplo, a categoria de base começa bem novo com uns 8

anos. Então tem os fraldinhas e por ai vai. No vôlei, começa no pré mirim, com

uns 13 anos. Então, com 13 anos, eu jogava os dois: vôlei e futebol. Jogava vôlei

no São Caetano e futebol no Portuguesa. E fiquei nessa por uns 3 anos. Mas, no

futebol eu não era tão bom. Eu era grande! Ou, eu ficava perto do gol ou eu ficava

lá no fundo pra defender. Não acrescentava muita coisa, sabe? No vôlei, eu tinha

mais habilidade. E teve uma hora que eu tive que decidir o que eu queria

continuar. Se eu jogava vôlei ou futebol. Aí, fiquei no vôlei, porque é mais

tranquilo. Mas, infelizmente as categorias de base aqui em São Paulo hoje são

bem mais restritas. Alias, não sei bem como está hoje, mas na minha época, tinha

muitos poucos times pré-mirim, uns 3 ou 4. Tinha um pouco mais de times

infantis, mas, também eram poucos. As categorias de base trazem um gasto alto

pro clube e não trazem muito retorno financeiro pros próprios clubes. O gasto é

muito grande pra ser um investimento no atleta apenas. A Federação cobra caro,

então, acaba sendo mais difícil ter times. Em 2010 , o Sesi começou e eu fui

chamado pra ir pra lá. E o Sesi não era o que é hoje. Naquela época tava

começando e a categoria de base era muito incerta. Então, eu fui pro Sesi e estou

lá desde então. Já são 7 anos! Os únicos que estão todo esse tempo lá junto

comigo são o Aracaju e o Murilo. O resto chegou depois. Porque tudo muda muito

depois nas temporadas.

  • Quem é um exemplo pra você, como jogador?

Olha, levando em consideração tudo que eu vivi no vôlei, de 2010 até hoje, o

Murilo Endres é uma referência! Quando eu cheguei no Sesi, eu era um moleque, não

sabia de nada. Então, toda a minha formação como atleta foi dentro do Sesi. E eu

cresci vendo ele jogar. Eu tava ali vendo ele jogar, desde 2010. Então, ele é o

exemplo maior pra mim. Porque a gente vê muita gente pela televisão. Mas, é

muito diferente ver pela televisão e ver ao vivo. Ainda mais agora que eu tive o

prazer de acompanhar ele de perto, de estar jogando ali com ele. A admiração só

aumenta.

  • Essa convivência que você tem com jogadores mais velhos e renomados, como é essa troca de aprendizado pra você?

O aprendizado é total na pratica! A gente vive ali o dia a dia com eles, vê e

aprende como é que eles pensam. Num chega a ter aquela conversa onde eles

contam histórias. Mas, pelos próprios treinos, principalmente em jogos, você

aprende e pega a mentalidade deles. Porque você vê como eles reagem em certas

situações que futuramente você poderá usar a seu favor. Então, a maior troca de

experiência e todo aprendizado que eles nos passam é na pratica. Falar é muito

fácil! Mas estar lá dentro e viver na pele.... Um exemplo é o que passamos nessa

temporada, muitas lesões, derrotas, a gente aprendeu muito mais com eles. Na

vitória é todo mundo 100% feliz, alegria o tempo todo. Mas, quando você tá

passando por dificuldades e desafios do lado desses caras, você consegue ver e

entender porque eles ganharam tanta coisa na vida, porque eles são tão bons!

  • Então você concorda com a afirmação de que o psicológico pesa no atleta em momentos decisivos?

Pesa! Pesa muito! Mas acho que não chega tanto a atrapalhar o jogador. Por

exemplo, acho que você consegue ter vantagem quando tem uma vivencia maior

igual esses caras têm (Murilo, Bruno, Lucão e Serginho). Quem não tem essa

experiência, tem uma coisa a menos, sabe? Acredito que a vivencia deles é um

plus para que eles consigam lidar melhor com o psicológico.

  • Como é feita a analise quando o time perde? É realmente uma analise do tipo, se foi por causa do saque, vocês buscam melhorar mais a qualidade do saque junto com a comissão técnica?

Eu acho que tem muita coisa em volta. Hoje em dia, as estatísticas estão muito

precisas. Em um jogo você consegue saber até quantas vezes um jogador passou

em tal posição. Então, você consegue ter números frios que mostram o porque

você perdeu. Ah, o adversário foi melhor no ataque, ou no contra-ataque, ele fez a

diferença no saque ou tal jogador se destacou. Friamente, é muito fácil analisar

uma derrota. Mas eu acho que é mais do que isso. É muita coisa envolvida. Você

tem fatores que, num todo, resultaram na derrota. Então você tem os números

frios, que lógico, vão te entregar de forma analítica a derrota e você ainda pode

analisar o contexto do jogo como um todo. Porque até mesmo os jogos mais

difíceis estão nos detalhes. Tipo 24x24. E esses detalhes fazem mais diferença no

geral, no resultado.

  • Você acha que a criatividade do jogador brasileiro é um destaque perto de outros?

Com certeza! Isso no meu dia a dia não tem muito, porque eu só joguei no Brasil.

Mas, assistindo aos jogos, eu concordo sim. Principalmente ali na geração do

William e até do Giba. Eles eram muito mais criativos e habilidosos do que os

outros.

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