Entrevista com Nalbert Bitencourt
Na sua opinião, de onde veio esse aprendizado do vôlei brasileiro?
Bom Bruna, o Brasil sempre teve muitos bons jogadores! Jogadores habilidosos, isso lá atrás, anos 60, anos 70, mas faltava um pouco mais de quantidade de jogadores pra que a gente pudesse formar grandes times. No final dos anos 70, o grande precursor que acabou sendo o grande responsável no início, claro que logo depois vieram outros grandes nomes, mas o grande responsável por tudo isso no início, onde o vôlei pegou uma grande popularidade, foi o Carlos Arthur Nuzman, que hoje está no Comitê Olímpico Brasileiro. Acho que ele foi fundamental pra que a Confederação Brasileira de Vôlei se tornasse mais profissional, mais ambiciosa, com uma visão diferente das outras e acho que por conta dessas qualidades dele, foi montado um projeto que já no início dos anos 80 começou a dar frutos. Tivemos um grande time nos anos 80, que foi aquele time do Bernardo, Renan, William, Montanaro, geração de prata, que foi campeão mundial, depois vice campeão olímpico.
Foto de: Alexander Nemenov
Antes disso, o vôlei era jogado para 200, 300 pessoas. A partir deles, sempre pra 20 mil, 25 mil, eles eram super conhecidos. Teve aquele histórico aqui no Maracanã pra 100 mil pessoas, isso tudo foi fruto de uma gestão muito bem elaborada. Junto com a gestão do Nuzman vem a televisão. Na época, o Luciano do Valle na Bandeirantes, e algumas pessoas apoiaram demais esse projeto. Um deles foi o Luciano do Valle que trouxe a televisão para o Vôlei, então, jogos ao vivo eram passados para o país inteiro. Lembro-me do Braguinha, Antônio Carlos de Almeida Braga, que era presidente da, acho que era Atlântica Boa Vista e depois virou Bradesco Atlântica, que ele fez um time que teve grande rivalidade com a Pirelli de Santo André. Isso tudo foi tornando o Voleibol bastante popular e paralelamente a isso, um trabalho muito bom nas categorias de base. Devido a essa popularidade os jovens começaram a jogar. Eu sou fruto disso também! Em meados dos anos 80 as categorias de base foram muito bem estruturadas pra que tivesse um volume maior de jogadores e o Brasil começou a se destacar nas categorias de base também. Então, foi esse trabalho no vôlei masculino que trouxe popularidade. Depois, veio o vôlei feminino, o vôlei de praia e todas as categorias de base, todos com uma base muito forte para que a continuidade desse trabalho chegasse no adulto. Então, a gente viu já nos anos 90, devido a esse "boom" do vôlei nos anos 80, o Brasil ganhando tudo nas categorias de base, depois sendo campeão Olímpico em Barcelona, o que deu uma alavancada enorme também. A partir daí foi criado um círculo virtuoso de bons trabalhos de bons resultados. Isso tudo trouxe uma mentalidade, uma estrutura vencedora, uma estrutura vitoriosa ao vôlei.
O psicológico pesa muito em resultados importantes?
Claro, total. Acho que hoje o Brasil tem tradição, moral, CAMISA, que a gente costuma falar.
Tem pessoas que dizem que a camisa pesa. É verdade?
Eu acho que pesa, pesa sim. Tradição conta demais, acho que no momento da pressão, o jogo é psicológico.
“Na derrota você aprende, mas na vitória você aprende muito mais”, Então, quando você ganha, quando se está acostumado a ganhar, é muito melhor. Na derrota, a única coisa que serve realmente é pra você aprender alguma coisa, na vitória você comemora, festeja e aprende muito mais. Porque dá confiança e certeza de que você já conhece esse caminho da próxima vez.